segunda-feira, dezembro 17, 2007

Crepusculário

Solto em meio à imensidão azul,
céu de tarde quente,
seus olhos se perdiam nos meus
tão timidamente,
e um sorriso se fez
maravilhosamente indeciso
dizendo sim em silêncio
a todas as minhas perguntas.
Nós nos beijamos ardentemente,
como se o mundo fosse expectador
de um filme à beira-mar
e a atmosfera se pintou de uma cor
que aqueles olhos nunca
poderão esquecer.

Lua

quinta-feira, dezembro 13, 2007

...

Hoje acordei pensando:

"Sonhei que você sonhava comigo. Ou foi o contrário? Seja como for, pouco importa: não me desperte, por favor, não te desperto."

Bom, agora só tenho uma certeza: isso são sintomas gravíssimos de saudade...
Vini, querido amigo.
Vim agradecer o imenso carinho sempre tão bem expressado na doçura de suas palavras...

"Renata é uma luz que adentra nossas vidas.Costumo dizer que a amo e não sei explicar esse sentimento porque ela corre por dentro de minha pele. Apenas consigo sentir. Espero ser seu amigo para sempre. Sei que você gostará da poesia. Fernando Pessoa a escreveu para você. Numa outra vida... Em outra estação... Beijos..."

Vinícius Ferraz

Eu quero colo
Um berço
Um braço quente em torno do meu pescoço
Uma voz que cante baixo
Que pareça querer me fazer chorar.
Eu quero um calor no inverno
Um extravio morno da minha consciência.
E depois em sumo
Um sonho calmo
Um espaço enorme
Como a Lua rodando entre as estrelas.

“Fernando Pessoa”

quarta-feira, dezembro 12, 2007

ÀS 21:36

...JURO: PENSEI FUGIR
COMO CRIANÇA DESOBEDIENTE
QUANDO ME DEPAREI
HAVIA UM IMENSO ABISMO
DIANTE DE MIM
E TUDO AO REDOR
À ELE PERTENCIA
JÁ NÃO PODIA SALTAR
CAIRÍA NOVAMENTE
NO MAIS PROFUNDO DE MIM
QUE TAMBÉM É DELE...

BILHETE DATADO DE: 26 DE DEZEMBRO DE 1977.


terça-feira, dezembro 11, 2007

Caio para mim, para ti...

"...Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo..."
"No centro do furacão"
...


"Vórtice, voragem, vertigem: qualquer abismo nas estrelas de papel brilhante no teto."

Foto: Renata Maria

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Mais tarde...

Eles nada pretendiam
e mesmo assim, aconteceu.
Aconteceu daquele jeito:
sem se esperar,
sem se saber que aconteceria.
Um dia desses, comum
mas agora, especial.
Verbos conjugados.
Dois, conjugados no plural.
Plural inconcebível ou incontestável.
São, estão, estaram...
E assim, se foram.
Ela de táxi,
conversando com a lua da janela.
Ele a pé,
contando as estrela da rua.
Os dois,
mais tarde,
de mãos dadas com o infinito.

Lua
Início

Ele,
distante,
olhou nos meus olhos.
Suspirou,
não sei se de medo
ou paixão.

Eu,
intensa,
olhei nos seus olhos.
Sorri,
querendo entender
o meu pulsar.

Ele,
olhou para o céu,
desviou meu olhar.
E procurando um talvez,
no fim,
devolveu o sorriso.

Lua

sexta-feira, dezembro 07, 2007

O Poeta Inventa Viagem,
Retorno e Morre de Saudade

Hilda Hilst

Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.

sexta-feira, novembro 30, 2007

Ela por Ela
Eu por Ela...

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.
...

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.

Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...]Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei."

Clarice

quarta-feira, novembro 28, 2007

moça da tarde

se errei caminhos
acertei o teu
não vou mentir
segui teus passos
espaços no espaço
passagem em tempo
dos dias de desalento
onde ventania soprou
fazendo serenata
do sorriso largo
cheio de fervor
por encontrar
aquele antigo amor

para a moça da tarde que nunca esqueceu aquele antigo amor.


Lua


terça-feira, novembro 20, 2007

re ta lhos
...

teci

com as cores
do teu olhar
um manto
de

retalhos

para cobrir
a saudade
que me invade

quando eles
estão longe

tudo

fica


sem cor...

segunda-feira, novembro 19, 2007

"Te encontro com certeza, talvez no tempo da delicadeza..."

Delicadeza

com a ponta
do pé
ela tocou
o frio

da chuva
de ontem
à noite
inteira

sem dormir
seus olhos
borbulhavam
saudade

da noite
do frio
da ponta do pé
no outro pé.


Lua

quarta-feira, outubro 24, 2007

Doce Lar


Quando menos se espera
encontra-se o amor
em uma esquina
acenando com o olhar
pedindo pra ficar
com malas e retratos
lembranças
e esperanças
.
Quando menos se espera
ele já está dentro da gente
uma flor, uma luz
um sorriso inesquecível
sonhos eternos
na magia do cotidiano
entranhados
no coração
.
Quando menos se espera
ele toma forma
passos no corredor
sombras no abajur
cheiro no jardim
e mesmo quando não está
se faz presente
mesmo assim
.
Quando menos se espera
tudo aconteceu
eu e você você e eu
na parede da sala
num retrato feliz
e embaixo a seguinte legenda:
o amor reina neste lugar
lar doce lar
.
Lua


quinta-feira, outubro 18, 2007

"La danse"

olhando para dentro de si
ela rodopia e cai
colorida e leve
como a sua saia
quando ela a tira
para dançar o amor
à noite inteira

chaque soir.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Inverso

toca
com a ponta
e escorre
manchando
todo o rosto
de preto
borrando
a triste
expressão
saudosa
.
.
.
tua
não
mais
minha.

Lua

quarta-feira, outubro 10, 2007

Para Ernesto e Che

homem
mortal
eterno
herói
pai
filho
marido
irmão
guerrilheiro
sonhador
corpo flácido
morno
olhos vivos
sorriso sereno
diário de palavras
farrapos nos pés
descanso da luta
de dias
e noites
sem cessar
causa perdida?!
não!
a vitória
só começou
e a morte
não apagou
o vermelho
do sangue
da luta
da causa
da bandeira
do coração
estilhaçado de bala
mas palpitante
por toda a história
até o fim
e se o fim
existir
será vermelho.

segunda-feira, outubro 08, 2007

40 anõs sin Che
Breve meditação sobre um retrato de Che Guevara



Por José Saramago

Não importa que retrato. Qualquer um: sério, sorrindo, arma em punho, com Fidel ou sem Fidel, dizendo um discurso nas Nações Unidas, ou morto, com o dorso nú e olhos entreabertos, como se do outro lado da vida ainda quisera acompanhar o rastro do mundo que teve que deixar, como se não se resignasse a ignorar para sempre os caminhos das infinitas criaturas que estavam por nascer. Sobre cada uma dessas imagens se poderia reflexionar profundamente, de um modo lírico ou de um modo dramático, com a objetividade prosaica do historiador ou simplesmente de alguém que se dispõe a falar do amigo que descobre haver perdido porque não o chegou a conhecer.Ao Portugal infeliz e amordaçado de Salazar e de Caetano chegou um dia o retrato clandestino de Ernesto Che Guevara, o mais célebre de todos, aquele feito com manchas fortes de negro e vermelho, que se converteu na imagem universal dos sonhos revolucionários do mundo, promessa de vitórias a tal ponto fertéis que nunca poderiam se degenerar em rotinas nem em exepcismos, antes dariam lugar a outros muitos triunfos, o do bem sobre o mal, o do justo sobre o inícuo, o da liberdade sobre a necessidade. Emoldurado ou fixo na parede por meios precários, esse retrato esteve presente em debates políticos apaixonados na terra portuguesa, exaltou argumentos, atenuou desânimos, namorou esperanças. Foi visto como um Cristo que havia descido da cruz para descrucificar a humanidade, como um ser dotado de poderes absolutos que fosse capaz de extrair de uma pedra a água na qual se mataria toda a sede, e de transformar essa mesma água no vinho com que se beberia o esplendor da vida. E tudo isto era certo porque o retrato de Che Guevara foi, aos olhos de milhões de pessoas, o retrato da dignidade suprema do ser humano.Mas foi também usado como adorno incongruente em muitas casas da pequena e da média burguesia intelectual portuguesa, para cujos integrantes as ideologias políticas de afirmação socialista não passavam de um mero capricho conjuntural, forma supostamente arriscada de ocupar ócios mentais, frivolidade mundana que não pôde resistir ao primeiro choque da realidade, quando os fatos vieram exigir o cumprimento das palavras. Então, o retrato do Che Guevara, testemunha, primeiro, de tantos inflamados anúncios de compromisso e ação futura, juiz, agora, do medo encoberto, da renúncia covarde ou da traição aberta, foi retirado das paredes, escondido, na melhor da hipóteses, no fundo de um armário, ou radicalmente destruído, como se fosse motivo de vergonha.Uma das lições políticas mais instrutivas, nos tempos de hoje, seria saber o que pensavam de si mesmos esses milhares e milhares de homens e mulheres que em todo o mundo tiveram algum dia o retrato de Che Guevara na cabeceira da cama, ou na frente da mesa de trabalho, ou na sala onde recebiam os amigos, e que agora sorriem por haver acreditado ou fingido crer. Alguns diriam que a vida mudou, que Che Guevara, ao perder sua guerra, fez perder a nossa, e por tanto era inútil chorar, como uma criança que chora pelo leite derramado. Outros confessariam que se deixaram envolver por uma moda da época, a mesma que fez crescer barbas e cabelos, como se a revolução fosse uma questão de barbeiros. Os mais honestos reconheceriam que lhes dói o coração, que sentem em um movimento perpétuo de um remordimento, como se sua verdadeira vida houvesse suspendida o curso e agora lhes perguntasse, obsessivamente, aonde pensam que vão sem ideais nem esperança, sem uma idéia de futuro que dê algum sentido ao presente. Che Guevara, se assim pode dizer, já existia antes de ter nascido.Che Guevara, se assim pode afirmar, continua existindo depois de morto. Porque Che Guevara é somente o outro nome do que há de mais justo e digno no espírito humano. O que devemos despertar para conhecer e conhecemos, para agregar o passo humilde de cada um ao caminho de todos.
José Saramago, escritor e Premio Nobel de Literatura.

terça-feira, outubro 02, 2007

Por tanto querer...


"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

Caio Fernando

quinta-feira, setembro 27, 2007

À l'attente








Dans moi le chante de la salle
le sourire de lui
il a nettoyé les chants
poussiéreuxdes
parties restantes
vieuxd'un un récent passé
Dans moi le chante de la salle
le sourire de lui
il a illuminé le foncé
à l'attente
du nouveau sourire
qu'il coûtait
pour arriver

Lune

terça-feira, setembro 25, 2007

Busca

De verde se vestiu
e saiu sem nada dizer
precisava encontrar
tudo aquilo que perdeu
mas nem sempre se encontram
verdades entre folhas secas
principalmente quando é Primavera.

Lua

segunda-feira, agosto 27, 2007

Emoção de cor laranja













"Ele dissipa o amor. Na voz, nos gestos, no suor, no violão. "

É incrível a energia atrativa desse ruivo de traços peculiares, corpo frágil e intensidade contagiosa. Além do vasto repertório de letras extremamente interessantes e belas, verdadeiros "Mantras", e sua forma de se colocar diante do mundo e do público são sensacionais. Com sua visão de continuidade da vida através do amor, ele embriaga aos que ouvem sua música com o coração, nos faz vibrar, sorrir, chorar e ver "As coisas tão mais lindas" que existem nesse mundo, que como ele mesmo diz: Nós é que estragamos. Ela também não poderia deixar de ser lembrada, Cássia Éller, foi homenagiada em diversos momentos do show, mas principalmente quando ele cantou "All Star" que foi feita para ela e gravada no seu último disco, que a mesma nem sequer teve tempo de lançar.
O show do CD Luau MTV com Os Infernais teve exatos 140 minutos de duração. Cenário vermelho e laranja predominando: a cor do sol e a cor dos cabelos de Nando e Zoé, filha mais nova homenageada em Espatódea - nome de uma árvore que dá uma flor laranja. Sem surpresas, Nando detonou e deixou Fortaleza laranja de emoção. Sem timidez também, só óculos Ray Ban e peito aberto pra sentir toda a nossa vibração.
Assim, com toda essa energia positiva "Quem vai dizer tchau?"
Só poderemos guardar toda essa emoção em um "Relicário" num cantinho especial do coração.

* Cenas bacanas do show de ontem aqui:


http://www.youtube.com/watch?v=T7QLN0PzlbY&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=Y02UyVPw5Iw&NR=1

segunda-feira, agosto 20, 2007

Quem sou eu?









Uma Rua sem nome
Um beco sem saída
Uma Avenida sem canteiro
Uma noite enluarada
Uma poesia de Quintana
Uma praia nublada
Uma música de Noel
Uma placa virada ao contrário
Uma brisa leve na estrada
Uma das Luas de 27 de agosto
Um sorriso de Domingo
Um café bem forte
Um verso de Chico
Um cheiro de Outono
Uma parede verde desbotada
Uma saudade esquecida
Uma árvore na Praça Verde
Um ladrilho preto e branco
Uma foto na caixinha de madeira
Um tumulto no céu
Uma chuva no Polo Sul
Um dedo no anel de Saturno
Uma estrela da Constelação de Órion
Um lírio no sertão
Um sentido dormente
Uma vendinha velha
...
Fechada para balanço

Lua

terça-feira, julho 24, 2007

*Monocromático*


Dia nublado
perdido em Ruas
repletas de buzinas alucinadas
Meu coração
atravessa na faixa
como uma flecha rasgando
a tarde nublada
Cheio de saudades
e preguiça de recomeçar
mais uma vez
Agora chove
e ele chove junto
lágrimas de comodismo
Tudo muda de cor
menos ele
que como sempre
continua cinza.
*
Lua

terça-feira, julho 17, 2007

Rostos da minha terra

À sombra do poeta
Todos são diferentes
Todos são iguais
Indecifráveis sorrisos
Brandos, serenos, insanos
Onde metade do mundo já foi
Para um dia, quem sabe?!
Ou talvez, nunca mais.
Os rostos da minha terra
Tem sob os dedos sinal de fogo
Nos corações um ardor de fornalha
E em seus sonhos uma breve ilusão
Sonhos que giram e retornam
Impunemente ao mesmo lugar
Ciclo vicioso que está longe de acabar
A descoberta de um mundo novo
É a esperança que dança breve no vento
E nos alivia deste Sol que nos queima
Todos os dias, sem cansar.

Lua





A noiva de sandálias vermelhas


Do outro lado da rua
à espera, ela sorri.
A noiva de sandálias vermelhas
solitária, me olha querendo acreditar
que em instantes tudo vai mudar
ou será quê?!
Acho que fugiu do altar
quer continuar a pecar
ela só não sabe
que a solidão não tem cor
mas ela, usa sandálias vermelhas.



Lua

segunda-feira, julho 16, 2007

"Carnaval só no ano que vem"
...


É esse o título do CD da brilhante, Orquestra Imperial.Não espere ouvir no primeiro álbum da Orquestra Imperial a reprodução dos incensados bailes comandados pela big-band carioca. Se o EP editado em fevereiro empolgava com quatro sambas antigos, tocados à moda dos shows feitos pela turma, Carnaval Só Ano que Vem troca a folia pela serenidade. É CD de inéditas que aposta em timbres mais calmos urdidos sob a batuta do produtor Mario Caldato Jr. A mudança de clima já é perceptível na abolerada O Mar e o Ar e Rodrigo Amarante(Los Hermanos), que abre o disco com levada que remete a João Donato - referência que se detecta também em Yarusha Djaruba, de tonalidade cubana. Há, sim, os sambas de formato mais tradicional (Salamaleque e Era Bom são os melhores), mas o disco extrapola o universo da dança. Jardim de Alah e Rue de mes Souvenirs (o tema cool cantado em francês por Thalma de Freitas) evocam a velha bossa. Interpretada pela boa Nina Becker, De um Amor em Paz esboça viagem psicodélica. Enfim, os grooves são outros. Não tão contagiantes quanto os do EP carnavalesco, só que corajosos. A Orquestra Imperial não se apresenta como uma banda de covers neste primeiro álbum que também ambiciona o mercado estrangeiro. Carnaval, só no show. Com esse time de músicos e cantores de altíssima qualidade e bom gosto, não tem como não existir a certeza de um CD excepcional, que até já está soando no meio musical como o melhor do ano.Quem vai perder essa "folia"?

Faixas

1. O Mar e o Ar 2. Não Foi em Vão 3. Ereção 4. Jardim de Alah 5. Rue de Mes Souvenirs 6. Yarusha Djaruba 7. Era Bom 8. Salamaleque 9. Ela Rebola 10. De um Amor em Paz 11. Supermercado do Amor

quinta-feira, julho 05, 2007

Enlace

Espaço
do passo
que passa
e espalha
Enlaça
o compasso
descompassado
do despaço
que laça
e ata
.
.
.
o meu coração

Lua











quinta-feira, junho 28, 2007

Um pouco de mim?!

A PERSONALIDADE DO CANCERIANO


SÍMBOLO DA IMAGINAÇÃO

"Eu busco a mim mesmo através do que sinto"

Dia 03 de Julho

2º Decanato:Apesar de aparentemente ser calmo e tímido é impaciente, persistente e sempre apaixonado (02/07 a 11/07).


"Era manhã quando DEUS parou diante de suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, elas dirigiram-se a Ele para receber seu dom e conhecer sua missão ".

" Para você, Câncer, dou a tarefa de ensinar aos homens sobre emoção. Minha idéia é você causar-lhes risos e lágrimas para que tudo que vejam e pensem se desenvolva com plenitude interior. Para isso, dou-lhe o dom da família , para que sua plenitude possa se multiplicar".


ELEMENTO: Ar

PLANETA: Lua

GÊNERO: Feminino

PAR IDEAL: Capricórnio

COR: Branco e Prateado

PEDRAS: Cristal, Pérola e Esmeralda

METAL: Prata

PERFUME: Lilás, Lírio e Rosa

PLANTAS E FLORES: Tília, Lírios e Juncos que crescem em água

DIA DE SORTE: 2º feira

N º DE SORTE: 02

ESTRELA GUIA: Sírius

PLANO DE VIDA: Astral

MAGIA: Espíritos da água - Ondinas

PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: Impressionabilidade

PERSONALIDADE: Alegre, generoso, imaginativo e sonhador, o canceriano refugia-se em sua casa sempre que pressente o perigo, pois precisa de proteção. Apesar da índole pacífica, é desconfiado e um pouco receoso. A mulher de câncer é dedicada ao lar e à família.

VIRTUDES: Cuidado com as necessidades e vontades dos outros; excessiva sensibilidade e amorosidade.

DEFEITOS: Irritabilidade; medos infundados e um pouco de teimosia.

AMBIENTE: É favorável ao ambiente que lhe garanta proteção, devendo ser, preferencialmente, o mar, mas também lagos e montanhas.

ATIVIDADES: Evita profissões competitivas, sendo bem sucedido quando possui autonomia e segurança. Literatura, música e teatro poderão levá-lo ao sucesso.

segunda-feira, junho 18, 2007

Ousados











Vi teus sapatos
Usados
Ousados
Entrelaçando
Meus pés
Cansados
Saudosos
Dos teus
Formam um belo par, não acha?!
Lindos
Apaixonados
Sempre juntos
Caminhando
Ou deitados
E principalmente
Quando apontam o teto
Estrelado
Do quarto

Ardendo

Queimando

Amando

Lua



segunda-feira, junho 11, 2007

Para ler ao som de Pra te lembrar...

Lembranças de cada dia

Cada noite é uma saudade
Saudade que dói, machuca e cresce
Cada Lua é uma lembrança
Lembrança minha e tua
O que tem de comum entre elas:
Estás presente em todas.
Em cada noite, em cada Lua
Por todos os meus dias de saudade
Em todas as minhas lembranças de cada dia.

Lua

terça-feira, junho 05, 2007

Feliz da vida

Hoje vou cantar
Aquela triste melodia
Vesti a velha fantasia
E vou pra pista sambar

Quero ver
A linda Colombina
Que me roubou a vida
E me fez amar

Hoje vou morrer
Em plena Avenida
Mas, vou feliz da vida
Lá no céu chegar

Encontrei
Encontrei
O meu amor da vida
Estou feliz da vida
Nunca vou te deixar

Hj vou morrer
Em plena Avenida
Mas, vou feliz da vida
Lá no céu chegar

Encontrei
Encontrei
O meu amor da vida
Estou feliz da vida
Nunca vou te deixar

Renata Costa

segunda-feira, junho 04, 2007

À mesa

É um trecho da poesia que eu mais gosto do meu querido poeta, Wiliam Lial.
Essa é a forma mais bela que um homem pode olhar para uma mulher, como única no mundo.Isso me lembra bem o Pequeno Príncipe em suas sábias palavras e sentimentos pela sua rosa, para ele "única no mundo".Essa eu deixo para os apaixonados e suas musas inspiradoras e que assim seja!

"E longe d'ali,
lá fora,
tudo contribuía com ela:
a noite quieta,
a lua espiando escondida,
as pessoas invisíveis a passar,
teimando em tentar existir;

enquanto,
frente a tudo,
diante de seu rosto,
eu não sabia
o que a fazia mais bonita:
o simples fato de existir,
ou o simples fato de
fazer o resto do mundo não existir."

William Lial

No fundo de si

...
Ela sorriu, mas não durou.
Veio àquela lembrança de sempre e ele partiu com medo.
Já não a visitava com frequência e quando assim o fazia, assutava-se com suas loucuras.Ela novamente tentou, mas dessa vez, seu rosto nem sequer movimentou.
Assustada desceu as escadas, tão decidida, como nunca antes.Cruzou a cozinha, o corredor e parou na sala.A TV ligada e um cheiro familiar debruçado no sofá vermelho encarnado assistia atento ao patético programa de Domingo, nem seuqer percebeu o desespero em seus olhos.
Mesmo assim ela pensou desistir, mas logo desistiu de desistir.Calçou as botas, vestiu o casaco que estava estendido nas costas da cadeira ao lado da porta e olhou seu reflexo no quadro à sua frente, olhou-se com medo e ao mesmo tempo uma espécie de orgulho estranho e se foi.Dia frio, sem cor.A ventania parecia trazê-la mais e mais recordações de tempos bons, felizes talvez.Ela olha as pessoas envergonhada como se todas soubessem o que ela pretendia.Por vezes, se questionou estar certa e sempre tinha a mesma resposta em sua emnte, não!Acho que por isso continuou.Durante toda sua vida fez o que estava dentro da razão, do que era mais sábio e correto, mas agora estava decidida a fazer diferente, estava decidida a mudar seu destino a deixar a insensatez comandar suas vontades.
Depois de caminhar por mais de uma hora, avistou o antigo prédio de número 43 da rua de sua infância.A ruazinha tranquila cheia de árvores e cheiros antigos, lembranças quase tocáveis.Ela podia ver as crianças brincando na pequena praça em frente, inclusive ela.Podia se ver com um vestido amarelo de bolinhas brancas que ganhou de sua avó e um chapeuzinho cor-de-rosa com flores miúdas na aba.Sentiu o cheiro de colônia fresca que sua mãe passava pela manhã ao acordar e também do cheiro de folhas secas do Outono daquele ano.Ali ela foi feliz e o sorriso a visitava todos os dias e quase sempre o dia todo.O velho porteiro era o mesmo e a reconheceu contente, contou um pouco do que aconteceu com seus vizinhos, dos rumos que deram as suas vidas e que algumas famílias ainda continuavam morando ali.Ouviu, mas já não se interessava pelo presente.Pediu para subir até a caixa d´água, pois era o seu lugar predileto na infância, seu esconderijo secreto, seu refúgio.Gostava de fugir para lá quando apanhava do pai ou simplesmente quando queria ver melhor o pôr-do-sol, lá do alto sentia-se superior, intocável, bobagem de criança.
A paisagem mudou, mas não muito.E a vontade de encontrá-lo tornava-se cada vez mais intensa.Sentou-se na caixa d'água e esperou silenciosamente a hora do pôr-do-sol, sem Sol.Naquele dia ele não apareceu, o céu estava pálido, um branco fosco e sem expressão.Parecia triste, sem vida.Os sinos da capela batem.São seis horas em ponto, ela acorda do transe e vê que está na hora de ir.Levanta devagar, limpa com cuidado a calça e caminha em direção a mureta de proteção da caixa d'água.Sua vontade de vê-lo é maior do que seu medo de altura, ela sobe sem olhar para baixo, equilibra-se, fecha os olhos e sente o vento frio acariciando seus cabelos.Imagina-se quando subia na árvore para pular de barriga na lagoa e sorria com o estalo na água.Começou a ouvir seu sorriso e foi em busca dele que ela veio, foi em busca dele que ela resolveu pular novamente na lagoa, para ver se o encontra lá no fundo, no fundo de si.
...
Lua

segunda-feira, maio 28, 2007

Cruzamento

Bem que tentei, tu sabes.
Mas, já não podia tentar,
tudo era em vão.
Aquele olhar desconhecido
e misteriosamente fascinante,
me fazia esquecer o rumo
a noção de tempo e espaço.
Quantas vezes me perdi
voltando para casa,
no meio do caminho.
Onde a conheci?
- Em uma esquina da vida.
Só depois percebi,

a placa estava virada ao contrário.

Lua
Amores em cores












Cores de todas as cores
Colorindo amores
Pintando ilusão

Cores de tantas belezas
Mulheres princesas
Vermelho paixão

Cores por todos os lados
Coração em pedaços
Tanta desilusão

Cores manchando o espaço
Borrando os pecados
Dos corpos no chão

Cores de dores e amores
Amores de tantas as dores
Dores de amores em cores

Lua

quarta-feira, maio 23, 2007

Sophia de Melo Breyner Andresen

Felicidade

Pela flor pelo vento pelo fogo
Pela estrela da noite tão límpida e serena
Pelo nácar do tempo pelo cipreste agudo
Pelo amor sem ironia - por tudo
Que atentamente esperamos
Reconheci tua presença incerta
Tua presença fantástica e liberta

segunda-feira, maio 21, 2007

Samba encantado

Canta,
Teu samba encantado
Da cor do pecado
Que eu quero te ver
Ver o teu corpo molhado
Morrer em meus braços
No amanhecer


Samba,
Teu samba maneiro
Veneno ligeiro
Pra nunca morrer
Morrer a alegria do morro
Que pede socorro
No anoitecer


Bamba,
Na roda de samba
Não deixe cansar
O teu tamborim
Fim de toda a tristeza
Acabou a incerteza
Antes mesmo do fim.

Renata Costa

sexta-feira, maio 18, 2007

Deixe seu Recado

Meu coração está em aberto
para troca
ou para venda
escambo ou desengano
Pode entrar
a porta está escancarada
e antes de mais nada
deixe seu recado
dê seu lance
e vá embora
Qualquer dia, quem sabe
aceito a proposta
ou te retorno
para você me subornar
ou tentar me assaltar
Meu coração está pendurado
dou ele por qualquer trocado
só não aceito esmola
e vê se não amola
com esse "eu te amo" disfarçado
Mas, não esqueçe!
Faz nele o que tú quiseres
samba, canta e sapateia
deixa a lixeira cheia
faça festa a noite inteira
Mas, antes de sair
não tente se despedir
feche bem a porta
que é para ele não ver
os versos que fiz pra você
enquanto ele dormia.

Lua


Margarida

Adentra minha vida
Cura essa ferida
Há tempos tão doída
Minha Margarida

Pinta minha ida
Com luzes coloridas
Borrando a despedida
Minha Margarida

Impede minha partida
Saudade tão sofrida
Da moça pequenina
Minha Margarida

Pequenina moça
Tens pena de mim
Levas para onde minha vida?
Para sempre, minha Margarida.


Lua


terça-feira, maio 15, 2007

Triângulo amoroso


No canto empoeirado da venda
Repousa a triste Mariposa
Beijando eternamente o verniz do armário
Trazendo paz àquela escuridão
Do outro lado do balcão
O velho vendedor observa
A mariposa triste entre a fresta
E na sua eterna solidão
Pensa em sua vida ausente e
Na sorte que nunca lhe bateu à porta
Queria um amor de todos os dias
Como o armário, da Mariposa triste
No silêncio secreto daquele lugar
Surge serena a luz do Luar
Adentrando o leito incansável
Da triste mariposa e seu armário
E o velho tocador de rua
Faz versos na Rua Nua
Corpo colorido de fitas e espelhos
Cantando alto, o louco desvairado
Embala mais uma noite de amor
Entre o velho vendedor
a Mariposa triste
e o amário empoeirado.

Lua