segunda-feira, dezembro 17, 2007

Crepusculário

Solto em meio à imensidão azul,
céu de tarde quente,
seus olhos se perdiam nos meus
tão timidamente,
e um sorriso se fez
maravilhosamente indeciso
dizendo sim em silêncio
a todas as minhas perguntas.
Nós nos beijamos ardentemente,
como se o mundo fosse expectador
de um filme à beira-mar
e a atmosfera se pintou de uma cor
que aqueles olhos nunca
poderão esquecer.

Lua

quinta-feira, dezembro 13, 2007

...

Hoje acordei pensando:

"Sonhei que você sonhava comigo. Ou foi o contrário? Seja como for, pouco importa: não me desperte, por favor, não te desperto."

Bom, agora só tenho uma certeza: isso são sintomas gravíssimos de saudade...
Vini, querido amigo.
Vim agradecer o imenso carinho sempre tão bem expressado na doçura de suas palavras...

"Renata é uma luz que adentra nossas vidas.Costumo dizer que a amo e não sei explicar esse sentimento porque ela corre por dentro de minha pele. Apenas consigo sentir. Espero ser seu amigo para sempre. Sei que você gostará da poesia. Fernando Pessoa a escreveu para você. Numa outra vida... Em outra estação... Beijos..."

Vinícius Ferraz

Eu quero colo
Um berço
Um braço quente em torno do meu pescoço
Uma voz que cante baixo
Que pareça querer me fazer chorar.
Eu quero um calor no inverno
Um extravio morno da minha consciência.
E depois em sumo
Um sonho calmo
Um espaço enorme
Como a Lua rodando entre as estrelas.

“Fernando Pessoa”

quarta-feira, dezembro 12, 2007

ÀS 21:36

...JURO: PENSEI FUGIR
COMO CRIANÇA DESOBEDIENTE
QUANDO ME DEPAREI
HAVIA UM IMENSO ABISMO
DIANTE DE MIM
E TUDO AO REDOR
À ELE PERTENCIA
JÁ NÃO PODIA SALTAR
CAIRÍA NOVAMENTE
NO MAIS PROFUNDO DE MIM
QUE TAMBÉM É DELE...

BILHETE DATADO DE: 26 DE DEZEMBRO DE 1977.


terça-feira, dezembro 11, 2007

Caio para mim, para ti...

"...Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo..."
"No centro do furacão"
...


"Vórtice, voragem, vertigem: qualquer abismo nas estrelas de papel brilhante no teto."

Foto: Renata Maria

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Mais tarde...

Eles nada pretendiam
e mesmo assim, aconteceu.
Aconteceu daquele jeito:
sem se esperar,
sem se saber que aconteceria.
Um dia desses, comum
mas agora, especial.
Verbos conjugados.
Dois, conjugados no plural.
Plural inconcebível ou incontestável.
São, estão, estaram...
E assim, se foram.
Ela de táxi,
conversando com a lua da janela.
Ele a pé,
contando as estrela da rua.
Os dois,
mais tarde,
de mãos dadas com o infinito.

Lua
Início

Ele,
distante,
olhou nos meus olhos.
Suspirou,
não sei se de medo
ou paixão.

Eu,
intensa,
olhei nos seus olhos.
Sorri,
querendo entender
o meu pulsar.

Ele,
olhou para o céu,
desviou meu olhar.
E procurando um talvez,
no fim,
devolveu o sorriso.

Lua

sexta-feira, dezembro 07, 2007

O Poeta Inventa Viagem,
Retorno e Morre de Saudade

Hilda Hilst

Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.