sábado, março 18, 2006

Assim, para mim...


Essa linda poesia foi feita pela minha amiga, Jujú. Me ver como protagonista dessa linda poesia me faz sentir feliz, muito feliz e grata a Deus e a vida que me permitem viver dias como esses.

Brigadão Jujú por você existir e ser essa pessoa tão inteligente e sensível, e além de tudo minha amiga.

Um banho

Um banho
Na paciência concentrada
No esforço redobrado
Na fuga perfeita
No descompasso rasgado

Descontrolada chama
Vem, vamos conversar...
É muito impaciente
Fujo para não encarar o teu olhar
Não tente disfarçar
Seu olhar diz baixinho,baixinho

Chamamento escondido

Para os que sentem a música
Para os que a sentem como sentem a um amor maduro
Daqueles sem pressa, sem demora
Para os amores de agora
Para os amores de antes

No cintilar das notas,aguçadas lágrimas
Que nunca foram de crocodilo
Mas se fossem...
Se fossem assim, desse jeito, macio...
Sempre

Carinhoso, complacente e terno...
Ai...se fosse assim
Sozinho...
Se fosse num mundo sem cobranças
Sem sujos torpedos

Assim quando você só me olha
Assim você não acredita que pode
Assim quando você ri
Ri sem acreditar no que acaba de escutar
Como?
Fala mais alto
Você só fala baixinho, baixinho...

Sabe quando você tem que gritar pra ser ouvida?
E se ainda assim não for atendida?
Se ainda assim não for atendida não vai lhe restar outra alternativa

E o teu cheiro de sei lá o que
Mais gostoso do que: ”ah, sei sim...adoro esse perfume”
Você assim, de novo...
Como uma sombra
Penumbra
Perseguindo
Em todos os lugares você move, comove...
A tua coragem em se expor é um presente
Um presente para medrosos
Medíocres sádicos
Que ardi, ardi, ardi
Mais não fala

Aí, você aparece
Aparece e acontece aqui
Aqui dentro
Quietinho, tão quietinho
Tão baixinho, tão baixinho
Quase não consigo escutar tua voz a chamar meu nome

Andando por ruas a procura de um alivio
De uma vala comum
Nessa onde vamos sempre estar juntos
Por que mesmo que possa parecer tão ruim
Por que mesmo que possa parecer tão assim
Vai ser nosso, entende?
E vai ser do nosso jeito

Eu senti o orvalho
Muito confortável debaixo dos meus pés cansados
Eu senti a neblina fria
Só pra que você pudesse sentir o calor do meu abraço

Eu dramatizei para ser ouvida
Eu teimei
Teimei pra ouvir:” nossa, como você é teimosa”
E assim você vai saber que realmente eu sou muita teimosa
Assim você vai conhecer um pedacinho que diz baixinho, baixinho
"Eu também gosto de você"
Eu só faço o que quero
Mesmo com tua voz tão...
Tão...rouca
Dizendo baixinho, bem baixinho...
Que gosta mesmo de mim

Senti entre angústias e risos contempladores
Eu senti a música da tua voz
Calma, sem pressa...aqui, baixinho, baixinho...

Sem pretensão
Arranquei o teu significado torto
Errado
Comecei a desvendar alguns mistérios do teu toque
Assim, sem pretensão

Para os que gostam de limites
O meu é só ouvir a tua rouca voz dizendo baixinho que gosta de mim

Na minha mão
Tua finalidade descobriu-se muito certa
Tua roupa molhada
Entre jogos e delícias escondidas
Jogos de armar
Jogos de amar

Momentos como esses podem lembrar pra sempre o que é:estar arriscando !!!

O meu coração inexperiente pede pra que você não diga isso
Por que ele não vai estar preparado
Vai ficar remoendo
Vai ficar esperando
Que você o aceite assim
Torto, sem propósito e sem nenhuma experiência

Acontece
Uma hora acontece
Acontece do jeito certo mesmo que pareça tão errado
Acontece entre “sims” e “nãos”
Acontece entre “vou ficar” e “quero ir”
Entre “espera...por que a pressa?”
Eu estou aqui do teu lado
Mais não posso ser sua
Não agora
Não assim
Mesmo quando fala baixinho que gosta de mim

“Por que não acredita?”
“Por que é tão complicada?”
“Por que nunca me espera?”
Por que tenho medo
Medo de descobrir como é bom ouvir a tua voz
Dizer baixinho, baixinho que gosta de mim
E se não for assim, cantando baixinho, baixinho...
Solitário filho
Único
Tão urgente

Fria calçada onde passo mal
Onde me mostro frágil e até sem controle
Onde o controle é só o teu abraço
Que fala mais que mil palavras
O teu abraço me diz ”to com frio e não vou entrar enquanto você não melhorar”
Tudo isso para que eu não fique sozinha, ali...

Passo desapercebida entre jogos
Correndo sem conseguir ir muito longe eu percebi...
Percebi que preciso mais de você do que você de mim
Percebi que preciso mais da tua voz rouca aqui...dizendo baixinho que gosta de mim
E sendo assim eu estou perdida
Mesmo
Mesmo

Linhas, traçado simples
Respostas quadradas
A flor debocha da nossa carência

O zelo por tudo que te envolve
Cuidado com tudo que é seu, só seu...
Por que assim
Só assim posso cuidar do que é meu, só meu...

Quero causar boas impressões
Mostrar que vou além
Posso ir muito além
Por você, meu bem

Julyanna Albuquerque

quarta-feira, março 15, 2006

"Dia Chuvoso"

Hoje o dia amanheceu lindo, completamente nublado. Adoro dias nublados...Apesar de considerá-los tristes, ou pelo menos reflexivos.
Acredito que as nuvens não carregam só o peso da chuva quando estão escuras, mas um pouco das dores, tristezas e angústias de todos que estamos aqui em baixo esperando que eles sejam despejadas em formas de lágrimas do céu. Quando a chuva chega e traz com ela a angústia da espera, que nos gera a tão conhecida saudade, o sofrimento amargo dos amores impossíveis ou desfeitos, as reflexões sobre a vida, a nostalgia das lembranças que passam em nossas cabeças como filmes tão recentes e aquela estranha vontade de estar sempre em outro lugar naquele momento.
Bom, não posso falar de uma forma que dias tão lindos como esses, sejam abordados de forma tão melancólica. Vou falar das coisas boas que eles podem nos causar ou do que podemos fazer em dias como esses. Começa pela preguicinha gostosa de quando a gente acorda e não sente a menor vontade de levantar da cama, as recordações de infância dos banhos de chuva no quintal, o cheirinho acolhedor de terra molhada, o romantismo daquele beijo apaixonado dado no meio da rua em pleno temporal, além daquela vontade louca de sentir esses pingos tão abençoados lavando a nossa alma em qualquer lugar que nós estivermos quando eles começam a cair.
É quase um ritual de desprendimento com nós mesmos, nossas crenças e apegos humanos e materiais.Só se quer fechar os olhos e sumir instantaneamente por alguns momentos, como se pudéssemos nos transportar para um lugar onde temos uma liberdade que nos foi roubada pela responsabilidade que o dia-a-dia nos impõe.
Acho que já falei demais...E o dia continua lindo, posso ver a chuva caindo da minha janela, enquanto eu, ouço “Casa pré-Fabricada” do Los Hermanos e escrevo meus pensamentos mais internalizados pra vocês. Tô cansada de um pouco de tudo...
Vou aproveitar que a chuva começou para me libertar e sentir todas essas sensações às vezes tão esquecidas.Vou iniciar meu ritual...Tomar banho de chuva!!!


Sentirei por vocês, sintam por mim.

Renata Costa

terça-feira, março 14, 2006

Recomeço...
.
.
.
Recomeço meu caminho
Andando em passos largos
Cansados de seguir na sombra
Tentando fugir do passado
Que de lembranças
Deixaram meus pés feridos

.
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Cansada, cheguei à luz
Onde padeci e fui feliz
Em instantes de cores furtadas
Presentes, cintilantes, ardentes...
Repletas de esperanças
De um futuro insano

.
.
.
Mas como tudo tem começo e fim
Novamente parti
Dessa vez, em busca de mim...
Que me perdi
Pelas esquinas tortas
E becos sem saída, da vida.

.
.
.
Recomeço, agora como uma criança
Sem medo de cair ou chorar
Nos meus primeiros passos
Novos, vívidos, curiosos...
Aprendendo a andar por estradas novas
Seguindo as linhas do chão
E da minha mão

.
.
.
Renata Costa

sexta-feira, março 10, 2006

Caio Fernando Abreu

Bom, esse texto é um trecho do Caio Fernando Abreu que acho fantástico, os dois.
Muitas coisas estão sempre acontecendo em nossas vidas, eu sei...Perdas, ganhos, vitórias, derrotas, sonhos azuis e realidades cinzas montam nosso mundo diário. O que seria de nós se não existessem essas sensações proporcionadas por esses sentimentos? Na verdade tenho um certo medo de pensar em algumas mudanças, minha boca fica amarga e meu coração aperta. Acho que esse medo de mudar, não se restringe só a mim, mas a maioria dos seres que se dizem humanos e normais. Mas também sei o quanto algumas dessas mudanças são necessárias para o nosso crescimento pessoal e acredito que quando as vejo cara a cara num beco quase sem saída, paro, penso e faço a escolha e isso não demora...Minha vontade de crescer e ser feliz é imensamente maior do que o medo que pode me diminuir ou estagnar minha vida. Prefiro chorar pelo desfeito do que pelo não feito, arrenpender-me do erro do que nunca ter tido a sensação de errar.
Nessa caminhada só não podemos esquecer do quanto precisamos de amor, essa força que nos faz viver tão intensamente e sermos plenamente felizes quando ele está ao nosso lado, segurança a nossa mão. Só peço à Deus que nunca me tire a capacidade de amar...e questionar.


"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."

Caio Fernando Abreu

terça-feira, março 07, 2006

Dor Morna

Dor Morna...
Dor morna...
Que arrepia e transtorna
Meu ser que já não vive
Paira...
Num ar sem ar que sufoca
Repleto de escuridão
Paixão...
Deitei no vazio desse chão
Quando acreditei em você
Pequei...
Me perdi de mim e de ti
Ao ver o arco-íris no teu olhar
Amei...
Hoje tudo parece vago
Solto no vácuo
Solidão...
Onde eu me contorno e choro
Num espaço apertado
Coração...
Me enquadro num pedaço
Que sobrou do amor
Lembranças...
E tudo se transforma
Nessa triste e cansativa
Dor morna...
Que arrepia e transtorna
Esse ser que já não sei
Quem sou...
Renata Costa