sexta-feira, janeiro 05, 2007

É só fechar os olhos e ver...

Quantas vidas?
É incrível a sensação de plenitude e alegria que os dias nublados me causam.
Não sei explicar, mas eles me encantam.É como se eu conseguisse ao olhar pela janela adentrar o mundo dos céus, passeando entre nuvens e sentindo o carinho de seu toque em meu rosto, da chuva esfriando meu corpo e da cinza cor, acalmando meu espírito, com a paz que ela transmite.
Olho agora, e através do espesso vidro não vejo nada além de gotas dançando em sua superfície, quer dizer, ao longe vejo o contorno dos prédios cobertos pela névoa branca que colore a chuva.
Depois de algum tempo já não vejo mais os prédios, nem as antenas de TV, mas vejo pequenas cidades suspensas, pessoas sorridentes de rostos conhecidos, outros não. Vilarejos com casinhas de alpendres, enfeitados por flores amarelas, com cadeiras de balanço e um céu cor de prata, lugares onde gostaria de poder estar agora.
Ah, às vezes me pergunto porque não podemos voar, também já seria pedir demais a Deus que já nos é tão generoso. Acho que sei bem porque ele não nos concedeu o dom de voar.
Imaginem quantos corações não deixariam o amor à sua espera em troca de uma aventura do outro lado do mar ou até mesmo do outro lado da chuva. Bom, mas também podemos pensar que quantos corações não seriam visitados quando a chuva começasse a cair e batesse aquela saudade louca de estar bem juntinho do seu amor.
Tudo na vida tem seus dois lados. Se não temos asas, temos pernas e imaginação. Podemos sair correndo e gritando alto o quanto somos felizes porque estamos indo ver aquele(a) que nos faz acordar sorrindo ou até mesmo fechar os olhos e transmitir em energia o tamanho do nosso amor e da saudade que agora nos toma. Se fizermos isso com certeza o outro(a) sentirá o mesmo, onde quer que esteja, ele(a) sentirá a força do amor.
Será que um dia comum nublado, chuvoso, nos causa tudo isso?
Me desculpem meus amigos, mas podemos ser tudo, sentir tudo, ir a qualquer lugar é só querer, mas o mais difícil é a gente querer lá do fundo. Se assim o fizermos poderemos nos livrar de nós mesmos, pelo menos por instantes e escolher quantas vidas ter.
A chuva tá passando, mas sua casa continua pintada de cinza, como a minha alma nesse momento está em paz, na paz da sua cor. Acho que ela está partindo em busca de outros corações, outras vidas, outros olhos fixados em janelas, prontos para sonhar com o infinito e voar ao encontro do amor.
O que você consegue ver através do vidro quando está chovendo?
É só uma curiosidade(risos)..., mas quando chover de novo, olhe bem para a janela.
Lua

4 comentários:

Anônimo disse...

Quando temos sede do infinito é porque nosso espírito já está liberto, mesmo que ainda preso ao corpo, pois é tênue o fio que os une. Isso nos possiblita esses vôos, esses passeios por tantas possibilidades. A chuva, a brisa, o céu nublado, o crepúsculo, são portas que a natureza nos abre para irmos ao encontro da essência da vida. É isso que vejo através da janela quando está chovendo e ao entardecer.
Mas quando outra vez chover irei novamente ao seu encontro para uma nova viagem de sonhos, de realizações, de pousos e partidas, em movimentos ritmados pelo amor.

Anônimo disse...

Dias chuvosos, nublados dão ar de mistério, de busca ao desconhecido. Dar vontade de correr ao encontro do nosso amor e aquecê-lo.Vejo e sinto que a chuva traz a chance de renovação, reinvenção e quando ela passa,parece tudo novo, as pessoas parecem outras, modificadas, almas purificadas.

Anônimo disse...

Impossível fechar os olhos e não te ver...


Sol e Chuva
Toquinho


Chove, chuva, vai meu corpo molhando
Dentro tenho um sol me iluminando.

Chove quase sempre no molhado,
No tempo perdido e não encontrado.
Nas contradições que trago comigo,
No jeito de olhar de um amor antigo.

Chove na cidade e na periferia,
No tempo parado da fotografia.
No homem letrado e na cartilha,
Nos magos da cúpula de Brasília.

Chove nas estórias da população,
Em todos os acordes de meu violão.
Só o meu amor é privilegiado,
Pois vive bem guardado no meu coração.

Chove nos meus sonhos de menino,
No fio que sustenta o meu destino.
Nesse pinga-pinga do dia-dia,
Na realidade e na fantasia.

Chuva no telhado vira goteira
Que pode molhar minha vida inteira.
Vida que eu passo pensando nela,
Que vive olhando a vida pela janela.

Chove no refúgio da solidão
Que molha algumas notas desse refrão.
Só o meu amor é privilegiado
Pois vive bem guardado no meu coração.

Chove na vontade enclausurada
Dos sonhos da primeira namorada.
No mistério oculto da poesia
E na simplicidade dessa melodia.

A água enche a palma da minha mão
E escorre entre as linhas dessa canção.
Só o meu amor é privilegiado
Pois vive bem guardado no meu coração.

Anônimo disse...

...e pra complementar a temática " o que a chuva pode nos proporcionar"...e hj ao conversarmos surgiu falar de Raul Seixas e Paulo Coelho compondo juntos...não mencionei, mas exatamente hj tinha visto a letra e escutado esta música..então ela não poderia deixar de ser postada hj. Coincidências?! Sei que não acredita, mas tem acontecido com a gente muitas vezes...
Ah, como não poderia deixar de ser a música fala de amor ;)


Medo da Chuva

Composição: Raul Seixas e Paulo Coelho

É pena
Que você pense que eu sou seu escravo
Dizendo que eu sou seu marido
E não posso partir
Como as pedras imóveis na praia
Eu fico ao teu lado sem saber
Dos amores que a vida me trouxe
E eu não pude viver

Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar

Eu não posso entender tanta gente
Aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem aquilo
Que o padre falou
Porque quando eu jurei meu amor
Eu traí a mim mesmo, hoje eu sei
Que ninguém nesse mundo é feliz
Tendo amado uma vez
Só uma vez

Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar